quinta-feira, junho 12, 2008

Samba do táxi

Meia-noite. Rio de Janeiro. A seguinte cena aconteceu no táxi, assim que deixei o aeroporto Santos Dumont:

- O senhor com certeza não é turista - disse o taxista na minha direção, puxando os erres até o limite do insuportável.
- Não, na verdade eu vim receber um prêmio.
- Olha só, que maravilha... E vamos pra onde?
- Gávea, na casa do tio da minha...
- Não. Estou perguntando onde nós vamos comemorar esse prêmio! Se quiser, posso te mostrar vários lugares interessantes onde executivos como o senhor se divertem...
- Eu imagino, mas não sou executivo, sou jornalista. E casado.
- Todos são casados! Mas ninguém liga, não. É tudo na maior discrição, tá entendendo?
- Acho que sim, mas realmente não estou interessado. A cerimônia é logo cedo e...
- As cerimônias, reuniões, sempre são logo cedo. Mas eu garanto que tu vai ficar novinho em folha... - ele disse, soltando uma gargalhada rouca.
- Sei. Mas não tenho grana pra isso, não.
- Tá de sacanagem, né? Bom, sempre tem a opção do calçadão. Mas aí já viu, né? Pode ter que encarar um fenômeno...
- Sai pra lá! Que fenômeno, o quê! - me irritei.
- Eu sabia que o senhor tinha bom gosto... - ele disse, rindo. - Então, pra onde vamos?
- Pra onde? Como você bem disse, eu tenho bom gosto - respondi, sorrindo para mim mesmo.

De fato, devo dizer que cheguei à cerimônia de premiação novinho em folha no dia seguinte...

Um comentário:

Discoteca Completa disse...

Só pra esclarecer, não se trata de uma história real...