domingo, junho 22, 2008

Joyce, Juliana e eu

Para não dizer que passamos o fim de semana inteiro dentro de casa, Juliana e eu fizemos uma rápida visita à Fnac Pinheiros neste domingo. A loja estava abarrotada de gente, exceto pela, adivinhem, seção de literatura.

Encontrei lá dois exemplares de O Roteirista, devidamente escondidos na estante e sempre próximos aos da Nélida Piñon. Demorei bastante para escolher o que levar, até Juliana resolver me pressionar, quer dizer, dar algumas sugestões:

- Você viu o Ulisses? - ela perguntou, apontando uma pilha de uma nova edição do tijolão do James Joyce, desta vez da Alfaguara.

- Sim, até agora estava tentando ignorá-lo - revelei.

- E por quê?

Era uma ótima pergunta, que mereceria toda uma contextualização. A primeira vez que tive contato com a obra de Joyce foi ainda na faculdade, quando li os contos de Dublinenses. Fiquei estarrecido com o estilo do irlandês, a ponto de imaginar, com uma certa ponta de inveja e preconceito, que algumas daquelas narrativas haviam sido escritas com um teor alcoólico mais avançado.

Parti imediatamente para O retrato do artista quando jovem, outra paulada. Fiquei mais uma vez desnorteado com aquela maneira singular de se escrever, aquela narrativa que parece amadurecer junto com o personagem.

Foi aí que chegou a vez de Ulisses. Para quem não sabe, trata-se do romance que é considerado o mais importante da literatura no século XX, tão genial quanto complexo.

Essa suposta dificuldade funcionou como uma espécie de bloqueio para mim. Eu não desevaja estragar um livro de tal reputação com uma leitura despreparada. Bobagem, eu sei. Mas como eu poderia imaginar, no auge dos meus 20 anos, que quando chegasse aos 30 seria pai, teria um trabalho enlouquecedor e ainda um blog para atualizar?

- Eu não posso comprá-lo. Eu não conseguiria ver o Ulisses me encarando da estante todos os dias, entende?

Juliana riu e me beijou. Depois me puxou até a seção de livros infantis, onde me senti novamente em casa, apesar da lotação de crianças e pais que certamente não têm a menor idéia de quem seja Joyce...

2 comentários:

Marco disse...

E eu pensei que Joyce fosse uma mulher!

Anônimo disse...

ae, sumiu?