sexta-feira, dezembro 28, 2007

Para ler nas férias

O significado da palavra férias mudou muito desde a chegada do André. Com a planejada viagem à Europa adiada por tempo indeterminado, não me restou muito além de curtir as opções culturais da cidade nos próximos 30 dias. O problema é que a programação nesta época do ano, a começar pelas salas de cinema, costuma privilegiar a criançada.

Não se trata de uma reclamação. Curtir o filhote em tempo integral é a maior recompensa que poderia desejar depois de um ano tão produtivo como 2007. Além do mais, tenho uma estante cheia de livros a minha espera. Separei dois deles para ler nas férias:

- Os Detetives Selvagens, de Roberto Bolaño
- Todos os Nomes, de José Saramago

Se conseguir chegar ao final de um deles já me darei por satisfeito, até porque também pretendo usar o tempo livre para concluir a revisão do sucessor de O Roteirista. A conferir.

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Achada

Não foram poucos os leitores que me cobraram uma análise mais aprofundada do ensaio fotográfico de Juliana Knust na Playboy de dezembro. O problema é que, desta vez, nenhuma edição da revista veio acidentalmente parar em minhas mãos. Porém, me sinto confortável para atribuir um rating à moça, pois já conhecia o conteúdo do material apresentado na publicação. Não, eu não peguei a Juliana Knust. Se isso tivesse acontecido, a uma hora dessas o mundo inteiro já saberia da façanha...

Na verdade, antes da Playboy a atriz já havia mostrado seus dotes no filme Achados e Perdidos, um daqueles filmes brasileiros novos, mas feitos à moda antiga, se é que vocês me entendem. E a atuação da atriz, se é que vocês me entendem, foi muito boa...

Classificação S&P:
Juliana Knust: "A"

segunda-feira, dezembro 24, 2007

Vesperal matutino

Trabalhar na véspera de Natal é, no mínimo, estranho. Há um certo clima de anarquia no ar, como se a gente pudesse escrever qualquer coisa. Pelo menos por um dia a Agência Estado vira uma espécie de S&P...

Agora, sem hipocrisia: Feliz Natal a todos!

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Questão subjetiva

Reproduzo aqui, da maneira mais aproximada possível, o diálogo com um de meus poucos leitores, que por acaso trabalha comigo. Ele não conhecia minha veia literária, tampouco este S&P. A conversa aconteceu num encontro casual nos corredores da redação:

- Legal aquele teu blog – ele disse. – Bem divertido e tal, mas...
- Mas...
- Nada, esquece. É bem legal – falou, tentando escapar.
- Como assim? Você ia dizer algo! Eu sei, o layout está um pouco desatualizado, né?
- Não, não é isso. É sério, foi uma bobagem. Estou meio atrasado. A gente se fala e...
- É essa mistura de sexo e política, tenho certeza! Quer dizer, tem pouco sexo e muita política, eu sei. Toda vez que tento corrigir isso acontece...
- Olha, o conteúdo é bom – ele interrompeu. – No seu livro com certeza tem mais sexo. E nenhuma política, é verdade. Mas a proposta do blog é diferente, eu entendi. Foi uma questão mais subjetiva que me incomodou.
- Subjetiva? O que há de subjetivo no S&P?
- Nada. Esse é o problema.
- Sei – concordei, confuso.
- Não, é sério. Eu li e me diverti com o blog, mas ele não parece, como posso dizer, um blog de escritor.
- Um blog de escritor? E como é um blog de escritor? – indaguei, curioso e perplexo.
- Não sei. Por isso não queria dizer nada. Só sei que não é como o S&P.

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Complete o post

Dando seqüência à mesopotâmica campanha Onde está O Roteirista, na semana passada encontrei dois exemplares da obra-prima de Vinícius Pinheiro - devidamente escondidos do público, é claro - na livraria da estação Barra Funda. Na ocasião, aproveitei a movimentação do lugar para posicionar um deles na bancada principal, logo acima de um livro de auto-ajuda qualquer.

Pois bem, na volta à livraria uma semana depois encontrei apenas uma edição de O Roteirista. O que me leva a duas conclusões possíveis: ou o descuidado balconista posicionou os livros em locais diferentes ou provavelmente o outro exemplar do romance foi...

terça-feira, dezembro 18, 2007

Propaganda enganosa

Na escassez da programação da TV a cabo – ainda mais no meu pacote pão-duro da TVA –, precisei aguardar mais de um mês para assistir à estréia de Árido Movie, ontem, no Canal Brasil. Quem como eu assistisse à chamada acreditaria que se tratava de um road movie de comédia, pois todas as cenas remetiam à tríade formada pelo “núcleo maconheiro” da trama. Além da propaganda, sabia apenas que o diretor da película era o Lírio Ferreira, do bom Baile Perfumado - que também assisti na televisão (Bandeirantes, acho).

Para minha decepção, o filme se propõe a ir muito além disso. Decepção porque considero esse o grande problema do cinema nacional: o excesso de pretensão. Pois bem, a trama parte da história do repórter do tempo – daqueles que ficam na frente do mapinha animado – que volta à cidade natal para o enterro do pai. No caminho, encontra os amigos maconheiros que dominaram as chamadas do Canal Brasil e outros tipos típicos do Nordeste.

Seria um prato cheio para uma boa comédia se o diretor não desejasse usar a história para “discutir os problemas do Brasil”. A partir de então, passamos a nos deparar com os contrastes de um País que espalha antenas de celular pelo sertão e vira as costas para o problema da seca. A falta d’água, aliás, é a chave que abre as portas de todas as tramas. Genial, não?

Não, uma grande chatice. Se na primeira metade a história prende, até porque você, telespectador desavisado, se agarra à esperança de que a comédia irá prevalecer, na segunda hora o filme se enrola de uma tal forma que não resisti a algumas zapeadas de canal, só para me certificar de que não havia nenhuma reprise de De Volta Para o Futuro em algum outro canal.

Por conta dos vários momentos em que deixei de prestar atenção, não sei dizer se os vários e grotescos erros de gravação que colecionei eram de fato inadvertidos ou, de alguma maneira, faziam, ou tentavam fazer parte da trama.

Ao final, Árido Movie me ensinou apenas uma lição: não se baseie apenas na propaganda do canal de televisão antes de assistir a um filme.

Classificação S&P:
Árido Movie: “B-”

Canal Brasil: cai de "A" para "A-"

domingo, dezembro 16, 2007

Jingle Bells

Pela escala de plantão de fim de ano, consegui escapar do ano novo e, de quebra, vou emendar a semana de folga com as férias. Nada mal, não? Para compensar tamanha benevolência, a firma me colocou para trabalhar em plena terça-feira, dia 25, pela manhã. Será que encontrarei vestígios de Papai Noel pelas ruas desertas?

P.S.: Por falar em plantão, adivinhem onde estou enquanto atualizo este blog...

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Onze e meia

Como quem não quer nada, mandei uma sugestão de pauta sobre o lançamento do meu livro para o Programa do Jô. Bem, se a resposta não foi a mais animadora, valeu ao menos pelo beijo do gordo...

De: jo@globo.com
Para: mim
12 dez (2 dias atrás)

Estaremos avaliando a sua sugestão. Obrigado pela sua participação e continue nos escrevendo. Um beijo do gordo!

quinta-feira, dezembro 13, 2007

...And I feel fine

Espere aí! A CPMF foi derrubada e o mundo não acabou? Pois é. Uma pena um assunto tão delicado ter sido tratado de forma apocalíptica pelo governo. O Companheiro Lula e seus asseclas cometeram erros, sem dúvida. Mas a principal responsável pela derrota foi a oposição – mais notadamente os tucanos –, que fingiu de forma descarada estar disposta a negociar quando, na verdade, não mudaria o voto nem que a vaca tossisse. E, acreditem, ontem a vaca tossiu no Senado.

Classificação S&P:
Lula: cai de "B-" para "C+"

quarta-feira, dezembro 12, 2007

No sangue

São Paulo, tarde de terça-feira. Nada como uma conversa para amenizar o difícil e congestionado percurso entre o Hotel Renaissance (quase o meu segundo local de trabalho) e a redação. O taxista bem que se esforçava, mas o interlocutor, sentado no banco do passageiro invariavelmente com um ar blasé, insistia em não colaborar. Depois de esgotarmos os temas básicos, como trânsito e meteorologia, passamos vários minutos do trajeto em silêncio. Até ele voltar a puxar papo:

- Já viu o estado desse Elevado? Vai acabar com o pessoal da São Silvestre.

- É verdade – eu respondo, sem dar bola e com o mau humor característico de quando estou a trabalho.

- Você não tem cara de quem corre.

- Acertou. Fico cansado só em falar nesse assunto.

- Esse ano eu não vou – ele prosseguiu, sem se dar conta da indireta. – Pra correr a São Silvestre é preciso estar preparado. Com todo o respeito, quando eu corro é pra valer. Não vou fazer palhaçada pra aparecer na TV.

- Sei – me rendi. – Tenho umas amigas que vão participar. Elas são loucas por esse negócio.

- Corrida é pra quem é louco mesmo. Está no sangue – ele falou, batendo forte nas veias do braço esquerdo cuja mão segurava o volante.

- É, acho que não está no meu – eu disse, olhando para o meu próprio braço em repouso.

- Tem gente que gosta de correr, tem gente que gosta de ler. Aposto que você gosta de ler.

Ele finalmente chegou aonde eu queria.

- Não só de ler como de escrever. Inclusive acabei de lançar um livro! – me empolguei.

- Eu não gosto de ler. Você devia tentar o tênis – desconversou.

“Espere aí!”, eu queria dizer. “Você está falando com um escritor, meu chapa! UM ESCRITOR!!!” Mas não adiantava. Como ele próprio disse, devia estar no sangue.

- Tem razão - respondi, depois de pensar um pouco. - Acho que vou tentar o tênis.

domingo, dezembro 09, 2007

Não-ficção

Da série: “agruras de um escritor”:

Resolvi tirar a tarde de sábado para um passeio rápido pelas livrarias da Paulista. Não queria perder a oportunidade de conferir O Roteirista na prateleira dos lançamentos, ombro a ombro com os mais vendidos, os cultuados, os clássicos... Afinal, eu era um escritor publicado por uma das maiores editoras do País. O momento era meu, sem dúvida.

Pouco antes de sair de casa, fui abatido por um estranho temor: e se, de repente, me reconhecessem em plena livraria? Quero dizer, não gostaria de ser flagrado lambendo a cria assim, em público. Não pegava bem para um escritor do meu nível. Eu já podia me ver cercado de pessoas, algumas com caneta na mão, em busca de um autógrafo da mais nova promessa da literatura nacional.

Seria interessante, embora meu desejo, de verdade, fosse apenas observar, se possível de longe, a reação das pessoas ao folhear as páginas do livro. Algumas delas o rejeitariam de cara, talvez pelo conteúdo um tanto pornográfico, ou pela falsa auto-indulgência do autor na apresentação da orelha. Tinha certeza, porém, que muitas outras nutririam uma certa simpatia e acabariam por levar um exemplar debaixo do braço em direção ao caixa.

Para evitar ser reconhecido por algum fã mais exaltado, adentrei à livraria portando meus famosos óculos para pautas jornalísticas e direção noturna, no melhor estilo Clark Kent. Não esperava encontrar O Roteirista logo na prateleira principal, mas algo dentro de mim alimentava essa expectativa. E, céus, se isso acontecesse, não seria capaz de me conter. Tomaria um exemplar em minhas mãos e daria no pé, sem me preocupar com as câmeras de segurança ou alarmes. Ninguém conseguiria nos agarrar...

Seria uma história com final feliz, mas tão irreal quanto a minha grande obra de ficção. A dura realidade era que O Roteirista não aparecia em exibição não só na prateleira principal como em nenhuma das outras dez ou quinze prateleiras daquela enorme livraria que, no passado, abrigou um cinema.

Devia haver algum engano, na certa, pois vários de meus "colegas" de Safra XXI, inclusive aqueles lançados há mais tempo, encontraram seu espaço de destaque. Como numa trama macabra, sentia-me como a donzela indefesa prestes a ser assassinada de forma brutal, sem entender como aquela que deveria ser uma das principais estréias da literatura nacional estava fora do alcance da maioria de seus potenciais leitores.

Após uma intensa e desagradável procura, cheguei a uma estante empilhada de livros com o rótulo “literatura brasileira”, de onde só se podia ver os títulos pela lombada. Foi lá que, caprichosamente posicionado ao lado de outros escritores com o sobrenome com a inicial “P”, encontrei o exemplar único de O Roteirista.

Solitário, indefeso e, pior, invisível, senti pela primeira vez o amargo gosto do fracasso literário escorrer pela garganta. Eu sabia que o livro só ganharia adeptos entre a multidão que lotava a livraria se estivesse em exposição como os demais. Foi quando tive a brilhante, embora previsível idéia de colocá-lo por conta própria em uma das prateleiras de destaque.

Pôr o plano em prática não foi tão simples. Era preciso executar a missão sem correr o risco de ser apanhado. O problema é que todos pareciam me observar, não como quem reconhece um escritor, e sim um trapaceiro. Com um pouco de astúcia e perícia, posicionei o livro em uma prateleira intermediária, acima de um Borges reeditado pela Companhia das Letras – e com todo o destaque do mundo. Logo depois, subi um lance de escadas e, da seção de livros de arte, pude enfim dar seqüência a minha intenção original de observar como as pessoas reagiam diante de minha obra.

Imaginava que o livro seria descoberto pelo primeiro cliente mais atento, mas depois de uns quinze minutos sem que ninguém sequer chegasse perto da prateleira – apesar da livraria cheia – decidi dar uma volta para relaxar. Acabei me distraindo na seção de CDs clássicos e de jazz, onde fiquei por cerca de meia hora. Mas parte de meus pensamentos ainda permaneciam no livro e no estranho que o levaria para casa, ou quem sabe o daria de presente para alguém. Tinha absoluta certeza de que O Roteirista não estaria mais no lugar quando voltasse.

E não estava mesmo! Um livro vendido em meia hora, seria esse um prenúncio do sucesso? Eu já começava a imaginar meu nome na lista de best sellers quando notei que, logo abaixo de um dos exemplares da pilha do Borges, uma pequena fagulha cor-de-rosa brilhava na minha direção. Não podia ser! Era o meu filho único que jazia quase morto, sufocado pela Biblioteca de Babel e outros contos geniais do escritor argentino.

Para ter parado ali, O Roteirista deve ter sido manuseado por várias pessoas, o que não era de todo ruim, eu pensava, tentando me conformar. De fato, o livro chamava a atenção, nem que fosse para uma rápida olhadela, seguida de um desprezo desmesurado que o levou a ser engolido mais uma vez.

Quem sabe seja esse mesmo o destino de meu romance? Perder-se em meio a títulos mais badalados, ou melhor divulgados, ou melhor escritos, ou os três ao mesmo tempo...

A visita à livraria só não me tirou a convicção de que, por mais isolado e escondido que esteja, o livro chegará às mãos das pessoas certas. Se é que já não chegou. Por via das dúvidas, reposicionei O Roteirista em destaque acima dos livros de Borges antes de voltar para casa.

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Semana cheia

Para os amantes da economia e do mercado financeiro, aqui segue a lista dos principais eventos e indicadores previstos para a próxima semana. Só para que não venham reclamar caso não tenha tempo para atualizar este S&P:

- Reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central dos EUA (ao contrário daqui, lá os juros devem cair);
- Votação da CPMF (duvido que aconteça, mas vá lá..);
- Divulgação do PIB do 3º trimestre (mais conhecido como o "espetáculo do crescimento");
- Ata da reunião do Copom (as desculpas esfarrapadas do BC sobre por que os juros continuam nas alturas).

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Nome aos bois

Muito se engana quem pensa que fiquei decepcionado com a absolvição de Renan Calheiros pelos coleguinhas no Senado. O resultado era mais do que esperado. Sinto apenas não ter como saber como votaram nossos nobres parlamentares. Por via das dúvidas, admiro a coragem (ou falta de vergonha na cara, como queiram) daqueles que declararam publicamente apoio ao ex-presidente do Senado. Mas isso não se aplica ao vira casaca do Mercadante!

Em tempo: o placar de ontem (48 votos contra a cassação e 29 a favor) foi bom para Renan, mas seria insuficiente para o governo aprovar a prorrogação da CPMF. Com um agravante: a votação desta vez não será secreta.

Classificação S&P:
Renan Calheiros: permanece com "C". Apesar de ter se salvado, perdeu a presidência do Senado.

terça-feira, dezembro 04, 2007

Furo

Tem muita gente na imprensa torcendo para que a votação da prorrogação da CPMF se arraste o máximo possível. Do contrário, o que será da cobertura jornalística ate o fim do ano?

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Segunda

O fim de semana futebolístico não poderia ter sido melhor para um são-paulino. Nem mesmo o mais otimista entre os pentacampeões brasileiros imaginaria que um dia assistiria ao rebaixamento do Corinthians e a desclassificação do Palmeiras da Taça Libertadores, em uma só tacada...

Classificação S&P:
Corinthians: cai de "D" para "D-" (só volta para o "D" quando e se voltar da Segundona...)
Palmeiras: cai de "C-" para "D+" (desse jeito em breve fará companhia ao rival...)
São Paulo: A+ (o melhor time do Brasil permanece com a nota máxima)