quarta-feira, abril 30, 2008

Dia histórico

Hoje o Brasil virou investment grade. "E daí?", me pergunta o leigo leitor deste S&P. De fato, para quem não acompanha o dia-a-dia do mercado financeiro esta notícia pode parecer banal. Mas não é. Para um País onde, como dizem, é difícil prever o passado, receber um carimbo como esse não é pouca porcaria.

Na prática, ser investment grade significa que o Brasil passou a ser visto como um bom pagador, ou seja, provavelmente não vai dar calote nos credores. Numa explicação bem rasteira, seria mais ou menos como limpar o nome nos cadastros de proteção ao crédito.

Eu mesmo não acreditava que esse dia chegaria. Para quem não sabe, a inspiração para este blog e da sua sigla veio justamente da agência de risco que deu a classificação de investment grade para o Brasil, a Standard & Poor's, ou S&P para os íntimos. Na época, meu desejo era ironizar essa idéia de notas e conceitos para tudo. É como diz um grande amigo meu, escritor e filósofo free lancer: "às vezes as coisas mudam".

terça-feira, abril 29, 2008

Contra o vento

Uma idéia nova para um romance vem me atazanando há semanas. Uma idéia realmente boa, eu acho. Apenas não sei se vale a pena embarcar nessa mais uma vez. Dar início a um romance agora significaria me manter preso ao computador pelo menos até o fim do ano, isso sem falar nas intermináveis revisões. Depois, passar pela ansiedade de aguardar por uma resposta da editora e, mais tarde, pelo lento e intrincado processo de edição e publicação. E, após a publicação, quando nada acontece, suportar esse enorme vazio, que insiste em ser preenchido por novas idéias. Estou cansado.

domingo, abril 27, 2008

Cerol

Aproveitei o período de convalescença para terminar de ler O Caçador de Pipas. Posso dizer que não tive uma má impressão do livro. Pelo contrário, fiquei curioso agora em assistir à adaptação cinematográfica, já que o autor faz ricas descrições das passagens pelo Afeganistão.

Agora, não ter uma má impressão está longe de ser um elogio. Apesar de considerá-lo bem melhor escrito do que, por exemplo, o Código da Vinci, em vários momentos quase perco a paciência com o livro.

O que mais me irritou foram as várias saídas fáceis que o autor adotou para escapar das dificuldades da narração em primeira pessoa. As várias coincidências ao longo da história também não me foram facilmente digeridas. E, ao final, o drama, que deveria ser afegão, não passa de uma grande e recorrente fábula sobre um tema mais americano do que nunca: a segunda chance.

Classificação S&P:

O Caçador de Pipas: "B"

sexta-feira, abril 25, 2008

O médico e o monstro

Para comemorar o aniversário de três semanas da minha gripe, nada melhor do que ir ao médico. E até que a consulta foi interessante. O doutor, assim como eu, é um grande entusiasta da medicina, mais precisamente da indústria farmacêutica.

Tivemos uma longa conversa sobre princípios ativos e prescrições dos medicamentos. Ele fez uma boa avaliação sobre meu processo de automedicação, porém considerou que eu deveria ter sido mais ousado, ou seja, tomado doses ainda mais fortes dos remédios.

Foi graças ao médico que descobri que o que me atacou não foram vírus, e sim bactérias. Para acabar com elas, ele me receitou mais um coquetel de antibióticos, entre eles um caríssimo remédio de venda controlada que, segundo ele, é tiro e queda contra a tosse.

quarta-feira, abril 23, 2008

Eu uso drogas

Resolvi pegar pesado contra a gripe. Acabei de iniciar o tratamento com antibióticos para ver se consigo fazer com que esses vírus malditos desocupem o imóvel de vez...

segunda-feira, abril 21, 2008

Pílulas do feriado

...André perdeu a virgindade aos sete meses: foi pela primeira vez a um shopping center. Passou boa parte do tempo dormindo, mas enquanto esteve acordado fez a festa dos vendedores e encheu o papai de orgulho, pra variar...

...Minha gripe completou duas semanas, mais alegre e saltitante do que nunca...

...Passei um dia na casa dos meus pais, no litoral, e de lá assisti à eliminação do São Paulo no Paulistão. O time não teve culpa, simplesmente não havia condições de se jogar naquele chiqueiro...

...Assisti à entrevista do pai e da madrasta da Isabella no Fantástico, mas não darei a minha opinião nem escreverei mais sobre o assunto, porque simplesmente não agüento mais a massacrante cobertura da "mídia golpista"...

...Acabo de preencher e enviar pela primeira vez sozinho - e sem ajuda dos universitários - a declaração de imposto de renda. Só espero que a Receita não se dê conta disso...

quarta-feira, abril 16, 2008

Produção independente

Podem acusar o Banco Central de muitas coisas. Menos de brincar em serviço. Ao enfiar goela abaixo um aumento de meio ponto nos juros, o tio Meirelles mais uma provou que tem carta branca do companheiro Lula para fazer o que achar que for preciso para combater a inflação. E querem saber? Isso não é ruim.

terça-feira, abril 15, 2008

Sete erros

Você, leitor deste S&P, provavelmente não reparou, mas enfim a lista de blogs amigos foi atualizada. Confira aí do lado!

P.S. 1:  Com a inclusão do Paseo Literario, este blog aponta para links em três idiomas. Chique, não?

P.S. 2: Quem não atualizar seu blog com freqüência vai ser excluído na próxima atualização, o que deve levar mais uns três anos...

domingo, abril 13, 2008

Highlander

capa380 É difícil dizer que as coisas não vão bem para Lula. Não há melhor sinal de que o presidente vive um céu de brigadeiro do que a capa da revista Veja desta semana. Quando a representante-mor da dita "mídia golpista" - da qual, por enquanto, faço parte - não tem nada melhor a fazer a não ser estampar uma foto do Companheiro envelhecido em um photoshop de quinta categoria, com o pretexto de requentar o assunto mais do que batido do terceiro mandato, o negócio é jogar a toalha e começar a fazer as contas para 2010. Ou 2026, se preferirem...

quinta-feira, abril 10, 2008

Nada sincronizado

Eu não gosto de banheiros masculinos. Quando se está num local público de grande movimentação (com exceção do shopping Frei Caneca), vá lá. Mas no ambiente de trabalho é o fim da picada, sem trocadilho. Sabe como é, sempre se corre o risco de encontrar a mesma pessoa, em geral alguém com quem você mal fala, mais de uma vez no mesmo dia.

Pois hoje passei pela situação de dar de cara (só de cara...) com um desses ilustres desconhecidos da redação por TRÊS vezes! Na primeira, estava bem no meio de minhas necessidades fisiológicas quando ele chegou, posicionando-se logo ao meu lado. Na segunda, por sorte, já estava lavando as mãos e procurei escapar antes que se desse conta da minha presença.

Na última do dia, foi a minha vez de me colocar ao lado dele. Bem humorado, o figura soltou a seguinte gracinha enquanto tentava me concentrar no ato (de urinar):

- Hoje nós estamos sincronizados, hein?
- É, nada sincronizado. Quer dizer, nado - respondi, no susto.

Sem entender a piada, que por sinal não tinha lógica alguma, o cara deu uma risada forçada e caiu fora bem rápido. Banheiros masculinos não são um bom lugar para se fazer amigos, definitivamente.

terça-feira, abril 08, 2008

Presente do pretérito

De repente, me vejo aos 30 anos vivendo uma rotina tão ou ainda mais massacrante do que nos tempos de universidade, época em que, sei lá como, consegui me dividir entre os estudos em Santos e o trabalho em Sampa. A diferença é que naquele tempo eu ainda não tinha um blog.

sábado, abril 05, 2008

Mais do Franco

Atendendo a (poucos) pedidos, decidi publicar uma sinopse do meu novo romance - Regressão - as vidas passadas de Alberto Franco. Não sei se será publicado um dia, mas devo dizer que, na humilde opinião deste escriba, é um sucessor à altura de O Roteirista...

O protagonista de O Roteirista – uma fábula vulgar está de volta, mas que ninguém espere uma continuação neste novo romance de Vinícius Pinheiro. Em Regressão – as vidas passadas de Alberto Franco, o autor mergulha seu personagem-fetiche em uma trama repleta de reviravoltas e radicaliza as experiências metalingüísticas, que vão da Odisséia a Matrix, sempre no tom de comédia característico do escritor.

Franco ressurge como um errante vendedor de planos de saúde, que graças à habilidade de escrever bem ganha a oportunidade de ingressar na carreira de jornalista. Pouco depois de se estabelecer na nova profissão, conhece Clara, o fio condutor e "fio da navalha" de Regressão. Graças à jovem atriz e dubladora de filmes “B”, o eterno roteirista é convidado a fazer a adaptação de um livro desconhecido para o cinema.

Em pouco tempo, Clara decide se mudar para a casa de Franco. O problema é que o apartamento onde mora é compartilhado com três amigos: o excêntrico e recluso Nélio, o encostado Renato e o crítico cultural Daniel, responsável por conseguir o emprego de Franco no jornal onde trabalha.

O romance é permeado ainda pelos ares esotéricos de uma vidente onipresente chamada Carmem, que conduz o protagonista em uma duvidosa terapia de regressão. Enquanto isso, os encontros e, principalmente, desencontros de Franco e Clara se desenrolam nas coxias teatrais, quartos de motel, sets de filmagem, até culminarem em teorias conspiratórias e no apoteótico final.

Toda a história é relatada pelo próprio Franco a um interlocutor oculto, à primeira vista confundido com o próprio leitor. Um ingrediente a mais na efervescente geléia literária, que reserva pequenas surpresas e referências inesperadas aos paladares mais apurados.

terça-feira, abril 01, 2008

Exercício metalingüístico

Pensei em escrever um post de mentira apenas para aproveitar a efeméride. Porém, como o dia passou voando, com muito trabalho e direito até a tiroteio na frente do meu prédio (isso é verdade!), acabei desistindo da idéia.

Ou não. Afinal, se tivesse mudado de idéia, este post não poderia ter sido escrito, certo?