quarta-feira, julho 30, 2008

Novas paradas

Beatles? Rolling Stones? Podem esquecer. Desde que o André nasceu a vitrola aqui de casa não toca outra coisa além de canções infantis. Por sorte, surgiram nos últimos anos muitas coisas legais. Uma delas é o Palavra Cantada, "banda" formada por Sandra Peres e Paulo Tatit. Uma das minhas, quer dizer, das favoritas do André é esta do clipe, chamada "Eu", uma espécie de "Eduardo e Mônica" da criançada. Vejam só:

domingo, julho 27, 2008

Adaptação

Existe algo familiar na personagem Camila, do filme Nome Próprio, adaptação das obras da escritora e blogueira Clara Averbuck. Originalidade certamente não é o ponto forte da escritora, que batizou a sua protagonista com o mesmo nome da personagem de Pergunte ao Pó, de John Fante, e narrou suas desventuras como uma versão feminina de Henry Chinaski, alterego de Bukowski. Ou seja, o filme é uma adaptação de uma adaptação.

Não ser original, no entanto, não significa necessariamente ser ruim, ainda mais nos dias de hoje. No caso do filme de Murilo Salles, apesar de bem filmado e contar com uma atuação apaixonada (e apaixonante) de Leandra Leal, a sensação que ficou é que não havia história para além de um curta metragem. Existem, porém, alguns raros e bons momentos, em especial aqueles que investem no humor.

Assim como acontece na maioria dos blogs (este S&P entre eles), Nome Próprio tem muito conteúdo para pouca idéia...

Classificação S&P:
Nome Próprio: "B+"
Leandra Leal: "A"

quinta-feira, julho 24, 2008

Zebra

Eu assisto A Favorita. Pronto, falei. Podem espalhar por aí que o autor de O Roteirista, o gênio incompreendido da novíssima literatura brasileira, também se rendeu à nova novela das oito.

Em minha defesa, devo alegar que a hora da novela coincide com a hora da mamadeira do André. E também que a trama de João Emanuel Carneiro até agora tem me surpreendido. Não é todos os dias que você vê personagens de novela com caráter tão ambíguo.

A prova definitiva foi o capítulo de ontem (o de hoje eu não vi), quando a personagem (boazinha, em tese) da Mariana Ximenes aplica um belo par de chifres no namorado (também bonzinho e agora corno).

Quem acompanha novela sabe que esse tipo de coisa não acontece. Na pior das hipóteses a mocinha termina um relacionamento antes de dar início a outro, tudo no maior respeito. É a primeira vez que vejo um personagem de novela se levar pelo desejo. Para mim, essa já é uma das cenas antológicas da teledramaturgia brasileira.

Classificação S&P:
A Favorita: "B+"
Mariana Ximenes: "A"
(OK, ela é linda, mas faz quando vai fazer um papel de adulta?)

terça-feira, julho 22, 2008

"Prefiro não fazer"

Ando meio afastado deste S&P, eu sei. Por dois motivos, um deles já "resolvido" (o outro eu conto em outra oportunidade). Acabei de ler Bartleby, o escriturário - Uma história de Wall Street (a tradução da L&PM, mais simples barata, e não a moderninha da Cosac Naify aí ao lado).

Sobre a história? "Prefiro não contar", para usar o bordão do personagem-título do conto (ou novela, como queiram) de Herman Melville, o mesmo autor de Moby Dick.

Classificação S&P: "A+"

quinta-feira, julho 17, 2008

Homérico

O que mais me chamou a atenção a atenção no caso Daniel Dantas não foi o prende-e-solta do banqueiro, nem mesmo a aparição dos fantasmas de Naji Nahas e Celso Pitta. Afinal, como prestar atenção em outro nome que não o do delegado da PF que comandou a investigação?

Diz a Wikipedia que Protogenes foi um pintor grego que viveu por volta do século IV (quatro, para quem não lembra dos algarismos romanos) antes de Cristo. Segundo a mesma fonte, nenhuma tela do pintor Protógenes sobreviveu ao tempo, o que me fez pensar: será que o mesmo acontecerá com o trabalho de investigação do Protógenes delegado?

sábado, julho 12, 2008

Crime e pesadelo

Vejam só quem me aparece em sonho: ninguém menos que Fiódor Mikhailovich Dostoievski. O barbudo e epilético escritor russo surgiu cambaleante na porta do meu quarto, com cara de quem havia acabado de perder uma boa grana no jogo, para variar:

- O que você está fazendo dormindo? - ele perguntou, sentando-se na ponta da cama, com as duas mãozinhas entrelaçadas ao joelho, exatamente como na imagem mais famosa.

- Não sei como é, ou era, na Rússia. Mas aqui nós fazemos isso todas as noites.

- Já imaginou quantas idéias geniais você já perdeu enquanto dormia?

- Mas a de hoje eu vou me lembrar, com certeza.

- Você está muito acomodado ultimamente, sabia?

- Ah é? Então estou sendo acompanhado assim tão de perto?

- Deixa eu lhe contar um segredo. Lá onde nós estamos agora, eu e os outros escritores temos à disposição uma enorme biblioteca. E vasculhando a seção latino-americana nós encontramos você.

- Ao lado da Nélida Piñon, eu aposto.

- Nada disso. Imagine uma enorme biblioteca, na qual estivessem registradas as biografias de todas as pessoas do mundo.

- Isso é coisa do Borges, não?

- É. Ele hoje é o responsável por organizar, quer dizer, desorganizar tudo. É por isso que eu estou aqui.

- Sei...

- Não sabe, não. As páginas da sua biografia estão incompletas. Você não sabe como são os cupins lá do outro lado... O negócio é que eu fiquei encarregado de reescrever a sua vida, mas fiquei meio travado depois que você publicou o seu livro e...

- Se o segundo não sair a culpa não é minha. A Rocco atrasou com a resposta.

- Não estou falando em escrever, e sim em algo mais... literário. Já pensou em cometer um crime?

- Do tipo, matar uma velhinha para quem eu devo grana?

- Esquece, seu engraçadinho. Depois, quando a gente se reencontrar, não vai reclamar que a sua biografia está uma merda.

- Não se preocupe. Antes disso acontecer eu contrato o Fernando Morais pra escrever alguma coisa sobre mim e o caso está resolvido.

- Está certo. Então a gente se fala.

- Um abraço, Dostô. E se estiver a fim de escrever algo novo, pode deixar que eu psicografo. Não vai me procurar a Zibia Gasparetto, pelamordedeus...

- Combinado.

quinta-feira, julho 10, 2008

Anti-guru

Vejam só o que eu escrevi sobre o Opportunity, apenas uma semana antes da prisão do Daniel Dantas e de outros diretores do banco pela PF, incluindo esse que fala comigo na matéria.

quarta-feira, julho 09, 2008

Dois perdidos numa noite casta

Acabo de ler A Fascinação pelo Pior, um presente da minha querida editora quando de minha visita por terras cariocas. Devo reconhecer que o meu colega francês foi muito mais bem sucedido do que este humilde e subdesenvolvido escriba, ao menos no quesito vendas em seu país de origem.

Enquanto O Roteirista fica escondido nas prateleiras de São Paulo e arredores, o livro de Florian Zeller virou best seller nas livrarias de Paris. Se bem que até Paulo Coelho vende bem por lá, diria um observador invejoso, o que NÃO é o meu caso.

Com relação à história, que é o que importa, o autor não se sai mal ao contar a história de dois escritores convidados para participar de um encontro literário no Egito. Uma espécie de Flip nas pirâmides.

Mas é claro que nossos heróis estão muito mais interessados em conhecer os encantos das egípcias do que falar sobre literatura, inspirados em histórias das afrodisíacas Mil e Uma Noites e nos relatos de Flaubert. Só não contavam com as restrições impostas pela religião islâmica.

Enquanto explora as desventuras dos escritores pelo submundo do Cairo e pisa no calo dos tabus religiosos, o livro caminha muito bem, mas da metade em diante a coisa começa a desandar, para retomar um pouco do fôlego no final metido a metalingüístico. De qualquer modo, vale a pena conferir.

Classificação S&P:
A Fascinação pelo Pior: "A-"