domingo, março 30, 2008

Tráfego

Hoje, levei O Caçador de Pipas ao supermercado, para ler na fila do caixa enquanto esperava a minha vez de pagar pelas compras do mês. Incrível essa flexibilidade que os best sellers nos dão. Mais um pouco e começo a deixá-lo no carro, para os dias de maior aperto no trânsito...

Mas o livro desta vez não contribuiu em nada para minha socialização ao ambiente. Pelo contrário. A minha distração entre as páginas do novelão afegão rendeu insultos nada amistosos de um cidadão posicionado atrás de mim. Apenas porque demorei um pouco em empurrar o carrinho depois que a senhora à nossa frente passou as compras dela pelo caixa.

E não foi o único incidente pelo qual passei no estabelecimento. Em mais um episódio típico paulistano, um outro cidadão teve um surto de cólera só porque coloquei um produto de limpeza, por engano, no carrinho dele. De pouco adiantou tentar esclarecer a confusão, o cara só ficava mais nervoso e, por pouco, não me agrediu com um engradado de detergente.

Cansado - e um tanto perplexo -, me pus a tentar entender o pensamento dessa gente. Que o fato de eu demorar alguns segundos para preencher o espaço vazio à frente na fila do caixa irá amenizar a tortura de aguardar pela vez de ser atendido? Ou que existem pessoas especializadas em colocar suas compras no carrinho dos outros com o único intuito de prejudicá-las?

terça-feira, março 25, 2008

Caça e caçador

Nada como se sentir integrado ao ambiente. Hoje, ao tomar o ônibus rumo ao trabalho, resolvi matar o tempo com meu exemplar (emprestado) de O Caçador de Pipas. Sim, eu sou uma das cinco pessoas que ainda não leram o best seller do Khaled Housseini.

Em pouco tempo, antes mesmo que pudesse virar a primeira página, notei vários olhares - todos eles bem intencionados - na minha direção, um deles de uma senhora que sustentava nas mãos Onde Está Teresa, o último (eu acho) da Zíbia Gaspareto (incrível como sempre existe alguém lendo a Zíbia no ônibus, parece até jogada de marketing). Um rapaz chegou a puxar papo comigo, dizendo que O Caçador era um dos melhores livros que ele já tinha lido e que eu certamente iria gostar muito.

De fato, adorei a recepção calorosa, porém mais tarde acabei por ficar com uma dúvida um tanto amarga: será que a recepção seria a mesma se, em vez de O Caçador de Pipas, eu tivesse aberto em pleno coletivo um exemplar de O Roteirista?

sábado, março 22, 2008

Referência

Dostoievski? Machado? Hemingway? Faulkner? Joyce?

Está certo, eles também foram grandes influências. Mas nada que se compare a esta aqui:

quarta-feira, março 19, 2008

Tudo igual

Faz tempo que não escrevo nada sobre política aqui. Também pudera. Ao ler o notíciário hoje em busca de "inspiração", me deparo com os seguintes assuntos:

- Eleição para Prefeitura de SP - nenhuma novidade nos últimos seis meses. Alckmin Picolé de Chuchu briga pela indicação tucana contra o "companheiro" Serra e o demo Kassab;

- CPIs - O governo Lula adotou uma estratégia bem eficiente do que o do magnânimo FHC: em vez de enterrá-las, deixa que os deputados e senadores façam isso por si próprios;

- Eleições 2010 - Pelo menos acabaram com o papinho furado do terceiro mandato do Companheiro Lula. Fora isso, nada de novo no front, a não ser a "mãe do PAC" Dilma, pensando que tem alguma chance, coitada.

- Reforma tributária - Ha Ha Ha...

domingo, março 16, 2008

Tabu

Para aqueles que acreditam em "sinais": perdi minha invencibilidade em plantões. Pela primeira vez em sete anos, o São Paulo foi derrotado enquanto eu trabalhava. Está certo, houve o apito amigo, o péssimo estado do gramado, algumas atuações bisonhas da equipe... Bom, melhor não reclamar, afinal amanhã estaremos aqui (na redação) novamente, eu espero.

Literação

Existem livros bons e livros ruins. Livros que você reconhece como bons, mas por motivos pessoais não gosta. Livros que reconhece como ruins, mas que você não consegue não gostar. Livros pretensiosos e ruins, livros pretensiosos e bons. Livros ruins, mas bem escritos, livros bons, mas sem grande rigor estilístico. Existe ainda uma infinidade de outras combinações de adjetivos, mas creio que o leitor deste S&P já entendeu aonde eu quero chegar.

Pois bem. Os Detetives Selvagens, tijolão de 620 páginas do escritor chileno Roberto Bolaño, encontra-se na categoria de “livros com os quais me identifico”. Faz tempo que uma história não me pegava tão em cheio, embora sempre em romances tão longos como esse tem-se a impressão de que um ou outro trecho poderia ser suprimido sem prejuízos à trama.

O livro divide-se em três partes: a primeira e a terceira compõem fragmentos do diário de Juan Garcia Madero, jovem poeta mexicano de 17 anos que se integra a um movimento literário chamado realismo visceral. E a segunda traz os chamados Detetives Selvagens do título. Essa parte é composta de depoimentos de outros personagens, que dão pistas, muitas delas confusas e conflitantes, sobre o destino de outros dois poetas: Arturo Belano e Ulisses Lima.

Para quem gosta de ler e, principalmente, gosta de literatura, trata-se de uma obra altamente recomendável. Porém, a falta de respostas conclusivas a várias das questões ao longo do romance talvez afugente quem não aprecia muito esse tipo de obra, conhecida nos meios acadêmicos como “clarqueana”.

Classificação S&P:
Os Detetives Selvagens: “A-”

quinta-feira, março 13, 2008

Ficçãozinha

Após a palestra na universidade, ontem, a bela aluna veio na minha direção e foi direta:

- Vinícius, vi que no seu livro, na orelha, você se definecomo “apenas um cara ciumento”. Agora, me diga uma coisa: você é fiel?
- O quê? Quero dizer... sou sim. Claro que sou, oras! Por que a pergunta?
- Nada. Só queria testar a sua reação.

terça-feira, março 11, 2008

Oráculo

Fui convidado para dar uma palestra amanhã na universidade em que formei. A idéia, segundo o professor que me convidou, é conversar com os alunos sobre a importância do texto e o trabalho como jornalista. É claro que vou aproveitar para dar uma palhinha e fazer a boa e velha propaganda de O Roteirista. O difícil vai ser me animar para falar da profissão nesse momento tão turbulento que passo na redação.

sexta-feira, março 07, 2008

Afaste-se da luz

Se os meus primeiros dias na nova função profissional pudessem ser comparados a um filme, este seria uma mistura entre Rambo e Poltergeist. E isso não é uma piada.

terça-feira, março 04, 2008

Réquiem para um blog

Devo dizer que este S&P está mais uma vez ameaçado de "descontinuidade", para usar um jargão jornalístico ridículo. Dei início ontem à tarde às minhas novas atribuições e, pelo visto, não sobrará muito tempo para atividades "extracurriculares". E, na escala de prioridades deste vosso humilde escriba, atualizar o blog encontra-se atualmente entre as últimas posições, apesar de fazê-lo com muita satisfação. Não se trata de uma decisão tomada, e pode ser que a minha primeira impressão sobre os novos tempos tenha sido sombria demais. Aguardem pelos próximos capítulos (tomara que eles venham)...

segunda-feira, março 03, 2008

Premonição

Não, eu não morri. Mas o tal do sonho da mulher do meu colega revelou-se um intrigante presságio. Naquela mesma quinta-feira, peguei uma gripe que me deixou fora de combate todo o fim de semana e recebi o convite da chefia para integrar uma nova editoria, responsável pela edição de um portal de investimentos pessoais. Boa sorte para mim!