domingo, março 16, 2008

Literação

Existem livros bons e livros ruins. Livros que você reconhece como bons, mas por motivos pessoais não gosta. Livros que reconhece como ruins, mas que você não consegue não gostar. Livros pretensiosos e ruins, livros pretensiosos e bons. Livros ruins, mas bem escritos, livros bons, mas sem grande rigor estilístico. Existe ainda uma infinidade de outras combinações de adjetivos, mas creio que o leitor deste S&P já entendeu aonde eu quero chegar.

Pois bem. Os Detetives Selvagens, tijolão de 620 páginas do escritor chileno Roberto Bolaño, encontra-se na categoria de “livros com os quais me identifico”. Faz tempo que uma história não me pegava tão em cheio, embora sempre em romances tão longos como esse tem-se a impressão de que um ou outro trecho poderia ser suprimido sem prejuízos à trama.

O livro divide-se em três partes: a primeira e a terceira compõem fragmentos do diário de Juan Garcia Madero, jovem poeta mexicano de 17 anos que se integra a um movimento literário chamado realismo visceral. E a segunda traz os chamados Detetives Selvagens do título. Essa parte é composta de depoimentos de outros personagens, que dão pistas, muitas delas confusas e conflitantes, sobre o destino de outros dois poetas: Arturo Belano e Ulisses Lima.

Para quem gosta de ler e, principalmente, gosta de literatura, trata-se de uma obra altamente recomendável. Porém, a falta de respostas conclusivas a várias das questões ao longo do romance talvez afugente quem não aprecia muito esse tipo de obra, conhecida nos meios acadêmicos como “clarqueana”.

Classificação S&P:
Os Detetives Selvagens: “A-”

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