sábado, julho 11, 2009

Safra XXI

Duas leituras sobre as quais gostaria de ter comentado há muito tempo, e que se encaixam com perfeição neste post:

Imóbile - Classificação "A-"
Elogiar o romance de estreia de Javier Arancibia Contreras ficou fácil agora que se tornou finalista do Prêmio São Paulo de literatura. Mesmo que não seja o ganhador dos R$ 200 mil da premiação, não é necessário ler mais que algumas páginas para perceber que o autor, ao contrário da grande maioria dos novos escritores, tem uma história a contar, o que já o coloca milhas à frente dos demais. Amigo de Contreras, tive a oportunidade de ler uma das versões preliminares do romance. E constatei, com agradável surpresa, que o resultado publicado pela Editora 7 Letras – depois das intermináveis revisões que marcam esse torturante ofício de escritor – ficou ainda melhor.

Sobre o livro, basta dizer que se trata da história de um homem amargurado. Pelo passado que desconhecia e lhe é descortinado à força, pela morte da tia que o criou, pelo calor da cidade litorânea onde vive e é descrita no romance com maestria, pela rotina sem perspectivas e, por fim, pela impossibilidade (ou imobilidade, se preferir) de se confiar no destino e nas escolhas que se faz. Um existencialismo que se encaixa com perfeição aos tempos de crise que atravessamos...

 

Cordilheira - Classificação "D+"
Eu não conheço Daniel Galera e, portanto, só tive a oportunidade de ler a versão final do novo livro do jovem autor, considerado uma das promessas da nova geração, enviada à imprensa pela Companhia das Letras. Se tivesse lido antes da publicação, teria sugerido a ele que reescrevesse ou simplesmente jogasse no lixo essa história de uma escritora cujo livro de estreia é um grande sucesso, mas ela o renega, pois o que deseja mesmo é ser mãe. Enquanto não arruma alguém que faça o trabalho de fecundá-la, vai à Argentina participar de uma feira literária, onde conhece um bando de escritores que concebem uma espécie de seita na qual vivem as histórias contadas nos próprios livros.

Um resumo desse tipo pode parecer ridículo, mas a íntegra do romance consegue ser pior. Galera só acerta onde eu achei que ele erraria, na narração feminina, que, se não é brilhante, consegue ao menos ser crível. Uma pena, pois o autor do bom Mãos de Cavalo tem potencial para muito mais.

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