sexta-feira, setembro 28, 2007

Eleonora

Passei o crachá na entrada às 8h13. Mais dois minutos e estaria fora. Não, o chefe tinha mais com o que se preocupar além de controlar o horário de chegada e saída dos funcionários. Ele próprio chegava bem mais tarde.

Mas o chefe não precisava lidar com Eleonora, o nome que dei à pequena máquina que controlava a rotina no escritório. Nos encontrávamos quatro vezes ao dia, na entrada e na saída, antes e após o almoço. Ao final de cada mês, ela teimava em revelar os detalhes de minhas pequenas promiscuidades diárias.

Nossa relação teve altos e baixos, até que recebi o ultimato: mais um atraso e perderia o emprego. Sabia que não podia mais vacilar, estava sob o controle inflexível de Eleonora. Mas não hoje. São 8h13, e o som do pequeno bipe emitido por ela, como um orgasmo, depois que passei o crachá entre suas apertadas ancas, não deixava dúvida: ela me amava.

2 comentários:

Anônimo disse...

É por isso que eu trabalho por conta própria. Nada de Eleonoras na minha vida

Discoteca Completa disse...

É, como jornalista tb não tenho Eleonoras. Mas se tivesse sairia no lucro, pois o que ganharia de horas extras...