Eleonora
Passei o crachá na entrada às 8h13. Mais dois minutos e estaria fora. Não, o chefe tinha mais com o que se preocupar além de controlar o horário de chegada e saída dos funcionários. Ele próprio chegava bem mais tarde.
Mas o chefe não precisava lidar com Eleonora, o nome que dei à pequena máquina que controlava a rotina no escritório. Nos encontrávamos quatro vezes ao dia, na entrada e na saída, antes e após o almoço. Ao final de cada mês, ela teimava em revelar os detalhes de minhas pequenas promiscuidades diárias.
Nossa relação teve altos e baixos, até que recebi o ultimato: mais um atraso e perderia o emprego. Sabia que não podia mais vacilar, estava sob o controle inflexível de Eleonora. Mas não hoje. São 8h13, e o som do pequeno bipe emitido por ela, como um orgasmo, depois que passei o crachá entre suas apertadas ancas, não deixava dúvida: ela me amava.
2 comentários:
É por isso que eu trabalho por conta própria. Nada de Eleonoras na minha vida
É, como jornalista tb não tenho Eleonoras. Mas se tivesse sairia no lucro, pois o que ganharia de horas extras...
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