S&P rebaixa Veja para “C-”
Foi durante meu usual e inocente passeio pelo bairro na manhã de sábado. Mais precisamente na também tradicional parada na banca de jornais. No lugar reservado às revistas semanais, uma capa destoava das outras. Mostrava a figura de uma mulher cheia de hematomas, mais parecida com uma heroína de novela mexicana. Era a esposa do ator Kadu Moliterno, o Juba (ou o Lula?) da Armação Ilimitada, que acusa o marido de tê-la espancado por causa de uma discussão de trânsito. Caras? Contigo? Querida? Fofinha? Não, caro leitor. Tratava-se da publicação dita mais respeitável do País, a revista que se gaba por ter colocado, na capa da primeira edição, em plena ditadura militar, o símbolo comunista da foice e o martelo.
A reportagem da capa da Veja trata da violência contra a mulher. Sim, um tema sempre pertinente. Um absurdo desses é indigno de qualquer classificação e o agressor, covarde, desperta meus “instintos mais primitivos”, como diria o grande filósofo Roberto Jefferson.
A “questã”, no entanto, não é essa. Espera-se que uma revista como a Veja, ao contrário das citadas acima, faça uma cobertura mais racional do tema. Por exemplo, ouvindo a outra parte na história. Mas não há, no texto, uma aspa sequer atribuída ao ator, prática, aliás, recorrente da publicação. A reportagem não diz também que a personagem de capa tem um “projeto” de um programa de TV.
Por tudo isso e mais um pouco, este S&P decidiu rebaixar o rating da Veja para “C-”. O do Kadu Moliterno despenca para “D” - vamos lhe dar um crédito mínimo enquanto não se defende, pelos bons serviços prestados nos anos 80 - , enquanto o da esposa maltratada fica em observação. Pela coragem em denunciar o marido leva “A”, mas se utilizar o fato como promoção pessoal cai para “C”.
2 comentários:
eu continuo achando vc muito bonzinho, Vini. E fico admirada com a sua indignação a respeito dessa revista. Acho que é, sim, de se esperar que a Veja se preste a esse tipo de papel. Há muito, a mais pedante semanal do País, que se intitula defensora da verdade (uma verdade própria, aliás) vem fundamentando uma nova modalidade de jornalismo, o unilateral.
vc tem razão, em parte. mas a veja tem um grande mérito, que poucos veículos conseguem: fazer com q as pessoas comentem as notícias que ela publica. nem q seja pra meter o pau. por isso o C-, por enquanto.
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